quarta-feira, dezembro 19, 2007

Caminhos de mim


I

Agora que Te masturbas entendes o meu sacrifico!
Agora que Te posso penetrar por inteiro com meus espermas solitários,
Ofereces-me o fel que Te convém contaminar-me.

- É vital que Vos saibais do trajeto:
Não escrevo poesias
Para deixá-las expostas nos burburinhos das manhãs impossíveis,
Às noites de ejaculações inaudíveis
Com seus lábios pêcos sem gala.

- É inteligível que Vos saibais da bússola:
Não escrevo poesias
Para serem lidas/comidas nos saibros de cadáveres verbais,
Às tardes de mortes/vidas audíveis
Com seus estômagos roxos sem fala.
.........................

II

Compreendam-me e aceitem a minha sina!
Não escrevo poesias
Para serem envenenadas por humano-condutores eletrodesprezíveis;
Não escrevo poesias
Para serem ignoradas por carnívoros imãs de gerar orgulho;
Não escrevo poesias
Para serem presas por hipercadeados de concentrar horrores;
Não escrevo poesias
Para serem cozidas em energúmenos utensílios de apurar desamores.
.........................

III

Se Vos agradar o que pondero:
Escrevo-Vos poesias porque o corpo pede!
A alma clama! A língua exige e a cabeça consente!...
Escrevo-Vos, porque pede o corpo que reacenda em Vós a luz da coragem,
Dei sumiço ao vazio que Vos é inumano,
E Vos afaste inexoravelmente
– Agora e sempre –
Da lavra/palavra que pode Vos levar ao óbito.
.........................

IV

Agora que Me masturbo não entendes o meu sacrifico!
Agora que posso Te desvelar na íntegra com meu cismar momentâneo,
Atiças-me a fundir o ácido da vaidade em meu poema entrincheirado.

- É capital que Vos entendais da sina:
Não escrevo poesias
Para edificar casebres de vento nas encostas dos morros esfomeados,
Às portas das injustiças primárias
Com seus corruptores ávidos de contas bancárias.

- É plausível que Vos entendais do caminho:
Não escrevo poesias
Para assentar vidas redivivas nos estercos gramaticais,
Às luas de brilhos arroxeados
Com seus pentagramas mochos de fome.
.........................

V

Compreendam-me e aceitem a minha sina!
Não escrevo poesias
Para serem desprezadas por inteligências multi-brochadas;
Não escrevo poesias
Para serem interrogadas por mentes logro-cadavéricas;
Não escrevo poesias
Para serem carbonizadas por incêndios louco-iletrados;
Não escrevo poesias
Para serem enterradas em cemitérios de súbitas palavras.
.........................

VI

Se Vos agradar o que revelo:
Escrevo-Vos poesias porque o dia é pleno!
A Vida é calva! A mesa é côncova e a carne é concisa!...
Escrevo-Vos, porque é puro o poema que Vos apresento,
É constante a expiação que Vos acrescento,
É vital que Vos afastai
– Hoje e sucessivamente –
Da mágoa/nódoa que pode Vos levar ao passamento.

Foto: Flickr/Creative Commons
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3 comentários:

Anônimo disse...

Caro, Benny.

Lendo este magnífico poema,
suponho que você seja de outro planeta.

Excelente!

Carl Kumm
- São Paulo/SP

Harley Dolzane disse...

Caro amigo... que saudade...
que vontade de gritar esse poema...
carpe diem!

naironbotao disse...

caro amigo,
aqui quem fala é um amigo de matheus, filho do anilsom amigo seu aqui de Sao Luis.
e impressionante a qualidade do seu vocabulário e a facilidade de falar de coisas nao tão comuns no que diz respeito a poesia.
conheco pouco escrevo muito errado
por isso. Nao ria dos meus poemas!
obrigado
e vou adicionar o seu no meu blog
abraço!