segunda-feira, julho 21, 2008

Um sol que é da cor dos meus gametas


(Para Walter Corôa)

1.
Relembro arriado
a dor que menosprezou a palavra...
Ah! provocado em orações
implorei que o orgasmo recusasse o burburinho.
Raiz rediviva do amor?
— quem dera.
Nada entendo da vida dos homens
— nada!
Qual extraterreno embrião
extirpei-me das entranhas das trevas.
Trevas? — existem?
............................

2.
Será que os gametas dos rendez-vous de Belém
fecundam como outrem?
Por que será
que nascemos com sonho
de crescermos sentinelas dos bolores?
Por que arqueamos o pêndulo da inocência
e por que nada sabemos
das calefações dos gozares?
— por quê?
............................

3.
Embora seja ingênuo sêmen,
bafo de agonia,
eu aceito a cusparada do universo.
Reverso? Inverso?
— não! quero-me muito.
Amo-me como jamais amei ninguém;
minha marca será a da minh’alma
marcada a fogo, ferrugem e tesão.
............................

4.
Quando as folhas caem
e a fala-essência atrapalha
rejeita-se a gala:
extirpa-se as entranhas, as trevas...
Trevas? — existem?
Será que elas ainda procriam
como ninguém?
— será?

Em memória de José Nicolau Matni,
1 ano de saudade.


Foto: Galeria black_z
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Um comentário:

Anônimo disse...

Hummm Chopps Bennyanos de cara nova! Adorei! E o poema...ah sempre de primeira linha!
Beijos da fã,
adriana costa