sábado, agosto 26, 2006

No limite



1 - Divina luz!
Oh! Flâmula que estremece o vento brincalhão.
Em teu seio ameno
Cravo e orquídeas acasalam-se gozosamente
Deixando cair sobre a saliência do tempo,
Pingos de fina sobrevivência...
Mas não há, nisso, nada de admirável,
Porquanto a terra
Em lugares incertos e por decidida licença dos olhos,
Coagiu a maldade a privar-nos da luz do sol de hoje...
E pelos caminhos que se seguem esperançosos,
Ela se enche de vil 0zelo
E nos encoraja a beber arsênio,
No limite de suportarmos insidiosa fome.
Todavia,
De nenhum modo,
Concedemos que se enganem os olhos.

2 – Divina chama!
De fato é deles o papel de apontar
Onde está o arco e a flecha
Mas se a flecha e o arco
São as mesmas coisas que antes havia numa alça de mira
E que passaram para outra pontaria
Ou se antes
Tudo sucede como já disse Judas Iscariotes
Isto é o que deve distinguir o juízo da essência
Visto que os olhos da angustia
Não podem conhecer a genialidade dos arqueiros:
Não se deve
Impor aos olhos o erro da ilusão
Pois o barco em que somos conduzidos
Move-se rapidamente e parece estar parado:
E aquele que fica no ancoradouro
Julgamos nós que avança contra
A mira do coração

3 – Oh! Majestosa lucidez!
Quando avisto o caminhar errante dos homens
Com um brando torpor e a mente jazendo
Numa suprema inquietação
Então me parece
Que as colinas e os campos carecem fugir pela popa
Quando passamos perto de navio
Levados pelo vôo das velas
As estrelas parecem estar todas fixas
Nas abobadas do ar
E todas elas são levadas em contínuo movimento
Todas elas tornam a ver
Depois de nascerem o poente longíguo
Quando já mediram com seu corpo brilhante
O céu inteiro

4 – Oh! Grito que beira o espanto!
Oh! Divina Luz, que aviva o meu poema.
Se há na palavra alguém
Que julgue nada saber do amor de perdição
Isto mesmo ele ignora se pode saber do desamor
Visto que diz nada saber
De onde
O vento se enche de zelo
E nos encoraja a beber mercúrio
Na fronteira de tolerarmos
Ardilosa insensatez

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