terça-feira, maio 29, 2007

Em desalinho



1 - A pedra sou eu.
– Sutil realeza do firmamento em desalinho.
Mas o homem – púbere homem,
Porque voraz inanicidade do vazio
Ainda continua preso em si mesmo,
Leve e solto pelai...
Sendo (a ser) o que não é
– E já é!

2 - O barro és tu.
- Viril macheza do orgasmo.
Mas o poeta – pobre poeta,
Porque contumaz carrasco do instante
Ainda procura a palavra,
Bromélia da lapela
A ser (sendo) o que é
– E já não é!

3 - Cadê, oh! Maçã do pecado,
Cadê pingos de orvalho,
Que não te defendem do mal de amor?
Cadê os Arcanjos do Senhor?
Cadê?

4 – Ai! Sobrevivi à tênue derrota. Sobrevivi.
Freqüentei morredouros de tempestades
(Porque vazia era a boca da argúcia e nem disse ai),
Cujas lantejoulas de cada pescoço vergado que aparecia,
Passaram a ter o mesmo gosto de óleo diesel
Que nem meus olhos verdejados de sol...
E nada foi feito
Para que renascesse no poeta,
A doce aguardente de céu.

5 – Ah! Mesmo depois do último trovão que me engendrou às pernas,
Jogaram-me às traças.
O cadinho de papel à qual poetei o rio-mar,
Tornou-se carne;
Desfez-se na símile palavra...
Fez-se via de caráter duplo;
Deu-se ao reboque da aurora.

Foto: Fotografia na Net
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2 comentários:

Anônimo disse...

Gosto muito de te ler !!!
Já está virando um vício !!!
Beijos...

Harley Dolzane disse...

caro poeta,
primeiro:
que delícia esse poema! poema de se ler em voz alta!
obrigado mais uma vez pelas letras!
segundo: não consegui te ler no overmundo... abri o link mas ndad de seus textos...
como faço? quero votar em vc!
carpe Diem!