I
Nada a temer
senão expurgar o gemido
insidioso
e o desalento de coexistir
sob fogo cruzado
por estar fincado entre
as ilhargas da vida
e a fuga do que se gala
ao medo.
II
Nada a temer
senão expelir o esperma
retrocedido
como se aroma morto-vivo
fosse.
− Nasci alma sem tempo.
− Cresci pausadamente
qual barreio amarelecido
pelo gôzo
de véspera.
III
[Mas]
Agora assessoro o
espírito dar-se à flor.
Agora devoro as últimas
palavras
que restam
sob julgamento
a cru.
Agora apuro
o aço da vertigem
que me afasta do sonambulismo
lerdo,
pois dele não lhe faço uso.
Agora poderei
constatar a olhos pudicos:
o que terá feito
o silêncio
para que o sofrimento
não lhe propague
tenebrosa
quarentena
de ais.
2 comentários:
Simplesmente belo. Poema de encantar qualquer amante.
Parabens!
Humano... Real e sincero.
O mundi vive assim, poeta.
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