sexta-feira, outubro 03, 2008

Para confundir outros soluços!



I
Bocas de ausências
(pêlos das libidos que não procriam...)
resmungam que são submissas ferrugens
e se fodem deliberadamente
ao primeiro sorvo
e estão para a poeira
como a sovina covardia
está para o verbo
insosso...

II
O boldrié da condição humana
descora o poema e azeda
onde tristes barrigas emudecem,
deixam-se ser férteis apologias
de atrocidades que surram.

III
Não faz muito
choquei-me com a brisa do fim,
bruta já foge longínqua...
A prece-luz rapta o borne dos desejos,
e se mortifixa nas palavras viúvas:
lugar de origem
de corpos que purgam o sempre-belo.

IV
Saber-me ausência
(remorsos e vesgas-partidas daqueles que calam...)
desfigura meu íntimo,
enxágua o lodo-mofo dos olhares
e faz tremular lábaros ressequidos
por não sabê-los calvos...

V
Mas... A minha mão
- ávida de procuras –
pousará sobre a dura realidade do silêncio,
vingará a lágrima da meia noite
e inventará novos buracos negros
para confundir outros soluços.

© Benny Franklin

Foto: Maria Hernandez
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