terça-feira, outubro 14, 2008
Lágrimas de sempre-Viva
Para Lailton Araújo
I
Poesia, oh! poesia...
Apesar de ainda nos encontrarmos
nas cavernas dos primeiros vômitos
comemos do mesmo húmus
e bebemos angústias e esbofeteadas
da mesma lúgubre taça,
argh!, somos vítimas da podridão
que nos ignora
em torpe rodagem.
II
Poesia, oh! poesia...
O futuro desenha o poeta do meio
e as flores galam aqui o que a palavra
insemina com canivetes nos olhos,
línguas de genitálias ao vento
poetam por onde se esconde o orvalho
e invadem a lauda grávida
nuas e descalças.
III
Poesia, oh! poesia...
Os poetas nossos de cada dia
guerreiam com lágrimas de sempre-viva
e um poema de betume cobre suas raízes,
as expiações medem-se por catarzes de escarros
ou pedras ou cínicos jarros
que no-los perdoam e os mormaços
sentem-se mui-acossados
por ternuras de orquídeas.
IV
Poesia, oh! poesia...
Os poetas produzem ceras cada aurora,
suas carnes mal amarelam e decompõem-se em limo
e suas gavetas, seus limbos e seus semens
não amedrontam só os bêbados nas suas cervejarias
de palavras sem bíceps, estômagos, nádegas
que no-los perdoam e suas flechas
sentem-se descomedidas
a cada tosco entardecer.
© Benny Franklin
Foto: Maria Hernandez
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
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