sábado, agosto 08, 2009

Poesia Bennyana


(Todo poeta sente fome de olhares)

Desconhecido! Se tu, ao passar, encontrares-me e desejares falar comigo, por que não falarias comigo? E por que eu não falaria contigo?
(Walt Whitman)

I
Um poeta belemita no cio
tamborilou os dedos
nas roupas poluídas de sexo nos quaradouros,
ilustrou o súbito verbo,
agora é artífice
de ânsias e fôlegos de primavera.
Impassível,
como que dirigindo-se ao futuro
foi então que ele lhe sussurrou silente fala de relva,
desmemoriou a procela
(escancarou celas e jejuou instantes)
que tinha temor na solidão.

II
Ai, a ópsis beat na poesia bennyana
cavalga atada à poética de Max, Rui e Whitman,
alinha suas partidas
nas toscas asas de outros deuses vindos,
autentica frágeis esmeraldas de prostituídas jazidas,
rouba das tímidas macelas
o misterioso bolor
dos sonhos não ovulados.

III
Oh, antemanhã!
Meus ombros modulam o vento...
Meus cuspes uivam segredos...
Minhas ardilosas zangas
proclamam pátrias...

IV
Oh, poeta!
Tu és o que move o nu no céu.
Tu és o sêmen dos fêmeos galhos
de tão frondosa gramática
(guardião dos agrestes autonais)
que até nos infernos léxicos
impele maresia às trôpegas poesia.
Tu és a excitação que trafega
nas salivas das bocas longevas.

V
Ai, enquanto a noite desce,
uma insólita caveira de papel
me rasga em dois,
de alto a baixo,
rasga-me a carne
em mil postas condimentadas.
E por mais que demore,
um dia, todo poeta beat,
nada mais será que uma tocha de pérolas,
nada mais será senão ondulantes fumaças,
ilhas no meio do olhar,
gritos sem fim.


 
© Benny Franklin

Nota do Autor:

Belemita: Paraense que nasce em Belém;
Ópsis: Espetáculo ou encenação, ação de ver;
Max: Max Martins, ícone modernista da poesia paraense;
Rui: Rui Barata, poeta e compositor paraense,

suas músicas foram gravadas por Fafá de Belém;
Whitman: Walt Whitman, poeta americano, o maior que já li.

Fotografia: "Oleg Duryagin", astro russo da fotografia mundial

que gentilmente autorizou-me a usar as suas instigantes fotografias
nas postagens dos meus poemas.

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2 comentários:

nydia bonetti disse...

Ando perdida de você Benny...

Acho que o poeta realmente tem uma fome (de tudo), bem maior que a dos outros seres não poetas.

Os beats, então, devoram tudo. E se deixam ser devorados...

Beijo.

Anônimo disse...

Poeta, seu poema é lindo. Gostaria de gravá-lo e postá-lo no meu Blog;
www.chicodeassispoesia.blogspot.com
Queria pedir sua autorização.
Abraços
Chico de assis