terça-feira, janeiro 26, 2010

Estilhaços!


I
A mão não detém a coragem,
mas manipula a velha saliência presa à garganta.
Sua ferrugem aleita o corpo,
arrenda chãos metálicos.
A despeito de a medonha incerteza
manter encarcerada o musgo-céu
(vírgula do sempre-sêmen entre cios e bueiros...),
é pelo esperma da luz que a certeza
santifica a carne,
oferta álibi a expiação,
encarrega-se de reeditar segredos;
inverter sentidos.

II
Se ainda lembro
dos anéis de saturno?
― Digo-vos que não!
Cá. Estorno o poema desprovido de palavras.
O ermo de mim foge de mãos vazias,
foge em catraias de dores...
Mas eis que a revelia de bússolas carnívoras,
eu me dou palidamente às ultimas lágrimas;
desapareço em inofensivas gotas.

III
O chão ainda (que) ressequido,
nutre os fragmentos de nós.
Dorme insensivelmente
onde as calçadas desalmam-se;
onde escorregam, enfim, as cascas tênues
dos pavores poéticos;
combustíveis de fina inflamação;
Óvnis de tempos distante
afastando-se dos homens.

IV
Vida! Vida!
Acendei um sol melhor que este.
Aos poetas dei outros ares de seres humanos;
indicai o que lhes sucederá no futuro,
a fim de saberem que sois como a deidade
da cálida estalagem de nós...
Um paraíso onde as orquídeas selvagens
aprendam a sonhar
e a roubar a primavera
que lhes couber.



Fotografia: Maria Hernandez
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2 comentários:

Barbara disse...

Copiei.
Inspiradíssimo!

Jeferson Cardoso disse...

I - Luz mucóide que brilha neste céu de incêndio, amigo Poeta Benny.
II - O vazio gotejante, amigo Poeta Benny.
III – Alma incógnita, a procurar versos, amigo Poeta Benny.
IV – Vida, insana aventura do aprendiz, amigo Poeta Benny.

Abraço, Benny: Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com .