quarta-feira, outubro 06, 2010

Poças de rubras lábias


"Escuta, não dou lições nem esmolas, quando eu me dou, é por inteiro." 
[Walt Whitman]."

I - O poeta é largo:

Orgasmo e cuspo ornado pelo silêncio penetrado;

prostituto deslumbrado

que paira sobre o recinto onde quer que perceba
vômito, ferida, anemia putrefata;

blenorragia incomum de matiz amarelejada

ressoando cheiro de imundícia festivamente abarbada;

lápide que esconde outeiro
e caça universo quando goza 
em buracos negros
― e seu jorro inspirador

é distinguido por uma masturbação

única e pessoal,

difundida pela revolução beatnik de Walt Whitman,

o sedutor de Camden.


II - O poeta é agônico:
Irradiação e furor de um boxista no front;

arma de sua fala que gala tal qual uma arma beat;

retrato de satélite russo Sputnik

que se adicionou ao bem dotado mênstruo verborrágico

da procela gramatical;

verme que vive para seus impulsos naturais,

para sua recria e refazimento de seu próprio universo paralelo;

grão que vive e vomita dizeres malditos,

como uma lâmina entre os dentes
a procura de criaturas da noite
sob o extremo da astúcia e do abraço
― e seu pião é rodagem que arroja cavos metafísicos;

o que vive de restos de cinzeiros cubanos

e rastros de olhares malditos e insubstituíveis;

é a tradução gêmea do Deus atômico;
o elixir pávulo da vida.


III - O poeta é borra social:
Ruído de anticorpo estatelando-se no paralelismo da lauda;

gôzo que supre as felações indormidas; 
namorado em gula de sexo

e uma arma letal ainda desconhecida.

O poeta têm anseios mais profundos;

goza verbos rígidos, altivos e concisos,

intensos e diáfanos;

lambe falações poéticas de raios intensos,

cheios de efígies comuns idealistas

― é carcaça nua

e dores indemonstradas.


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