I
Poemas com cios coxos
pululam em rodagens recém empoeiradas
como facões enferrujados de circuncisão
no saco escrotal da noite.
Gritos bennyanos surrealistas,
cerrando velhas portas,
empurram o silêncio regurgitado
na cabeceira do agora pulsante,
no Artêmis de antes gozo.
II
É no cimo da revolta
que um verbo hipnótico ejacula
bílis de laudas rejeitadas,
traz clareza cáqui
para o arcabouço
da poeticidade multifacetada...
Urros movendo-se para a relva suicida
desnudam glandes beats
para o recozimento
dos cancros cegos.
III
Sob a peia do jirau
uma rosa fecal abençôa o cubano tragado
e uma insonhável poesia belemita se masturba amarelada
para vagar livre no vaivém das bocas;
para entornar em uma bacia atemporal
o torpor das línguas verborrágicas;
para confundir olhos-lodos,
os fingimentos dos punhais.
IV
Argh! Esta esperança morta
poderia ser o poema-mór
de um sonhador insosso
influenciado por jorros espermáticos
das orquídeas manufaturadas.
Tolo como véu de vulvas
e cínico e bruto como tempestade
hei de cunhar um tempo
em que a obra e o tesão poético de um fazedor
não dependa (jamais!)
da virilidade intelectual
do sorriso.
V
Será o tumor
um poeta de estômago inteiriço?
Ou será o poeta
um tumor de gramática suburbana
repleto de turbilhão de luzes
que copula o sol com socos de boxeador
e goza indolor com sorrisos
fulgurantes e orvalhados?
VI
Volto os meus ouvidos
para os inaudíveis gritos do olhar
que varam a multifaçatez da janela.
No antro além dos calabouços
um homem escreve poemas
e teima em não analisar o feedback da vida.
E agora, depois de incrédulo,
se surpreende (com lagrimas para derramar)
com a profissão da insensatez,
com o encharque da incoerência
rompendo soluços
nas cerrações do tempo morto.
