O amanhecer na minha janela me satisfaz mais que a metafísica dos livros.
(Walt Whitman)
I
Alumbramentos de palavras circuncidadas
perpassam intérminos paralelepípedos:
Lauréis de soluços na glande do verbo a exibir
e cravos pálidos de cruel pavor itinerante,
os de após roucas falações de fantasmas,medem-se aos palmos de nuvens eretas
(juntam-se-lhe os canivetes e as algemas
que devem ferver em pranto até estrugirem)
― Ai! Mirar o próximo passo é inumano,
mas o que dizer das miragens abissais,
das somenas falas que elas vomitam,
da verborragia que os betumes resguardam
no comezinho prepúcio do olhar?
II
Poema entre relâmpagos:
Arvora-se um gemido.
Não há filamento que caiba em tanto silêncio.
Dédalos com esmeraldas ainda que lerdas
congeminando-se na madrugada mental
(congeminando-se sob atmosferas de óvnis afimosados)
hão de engolir montões de antros famintos.
III
Poeta entre fumaças:
Há o risco dos ventos pervertidos arvorarem-se em liberdade.
Há o risco da mudez dos esmolés dos cadafalsos multifacetados.
Há o risco do silêncio estrutural das flores.
Por menor que sejam os alumbramentos perpassados,
há o risco do açoite beijar o arrepio do voo:
Restos de fingimentos e margens de angulares
roerão dizeres de abutres,
roerão solstícios desnudos,
dias e anéis de fumo.
IV
Nos paralelepípedos galhos discretos
e os olhares sem rodagens.
No sangramento as quimeras oxidantes.
Nos abraços desnudos os pêndulos sem ventoinhas.
Nos dias que morrem estuprados
os grãos pêcos das aveias e macelas.
Nos ébanos roucos os cedros envelhecidos:
Raios de indecisão.
V
Se alumbramentos de palavras fossem uma bebida
eu repetiria a dose.
Atrever-me-ia roubar exóticas polpas das profundezas dos olhos
e beberia flores entre as fronhas.
Atrever-me-ia até a dizer que as nádegas do horizonte
riem mais do que a pas-de-deux dos naufragados no lodo,
mais do que os queixos enviesados
e seus chorumes sem orgasmos.
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