terça-feira, setembro 05, 2006

Domminus imaginarium



Atropelo
A morte e a morte
Do poema bruto porque doravante
Há que se derramar em lágrimas doutas,
Qual cotidiano gozar,
Ou como tutano fervido a limo e cerúmen
A asfixiar-se
Em qualquer acidez sem sal:
Feito esse célere álibi do mamãezar
Dos Icebergs erotizados
Tostando-se em sêmens arredios;
Domminus Imaginarium
Do Poema egocêntrico em pedaços...
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Com água e fogo,
Aniquilo a extenuação da metástase
Da palavra,
De forma que a entendo
Como flor-de-catraia rediviva,
Tal como entendo mortos
Os Vedas Ditosos e seus Sânscritos Extratérreos,
Que percebem no Amor
O Cálice (In) Perfeito.
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Aos vinte e cinco,
Aprendi que os Essênios Gozosos,
Dominavam a técnica de fazer-amor-completo:
Louvavam a etílica vagina mastigando aurora,
Assim como desnudavam-na
Feito Vênus despida em franjas,
Porque adoravam-na como Deusa
Redondamente penetrada;
Mas desintegravam-na, lentamente,
Ao primeiro urro
Combalido...
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Água e fogo
É o suficiente, o intangível,
O muito de que precisamos?
Não. Carecemos de poesia.
Os Nobels da Escrita
Pregam que não lactar-se o organismo
Das letras é como não lamber o bico da mama;
É como não fugir a longes eternidades...
É como se fotografássemos criaturas da noite
Crendo em algo
Descrendo das vis evidências
Do não existir-se.
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Dizem más-línguas
Que crer e descrer
(Exceto o ato falho da algema inseminada...),
É chocar-se, é resistir-se...
É ousar proteger-se de algo tangível,
O não divino.
É despoetar-se as últimas seqüelas
De o Ser Poético porque Descartável.
Enquanto cá, em solo poético e
Sob a sala de estar do vazio,
Alguns restos de espermas vadios
Jazam pervertidos, negrejados;
Coagulam-se no tapete
Rompendo instantes.
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Crer (na lavra) e não descrer (da palavra)
— Suponho —,
É a possessão do fantasmático.
Provém do crepúsculo do vôo
(Mal cozido e destemido
Que a tudo cala, mas a tudo contamina...).
Antes:
Cri ser a palavra
Um movimento,
E não (re) nego a derme!
Hoje:
Desumedeço-a à tênue vertigem;
Douro-a em outra forma
Desprovida das antíteses solteiras...
Decerto, porque
Nela cri, sofri, e por sorte,
Nasci de ulterior vida
Feita de gomos
De vento.
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De soslaio,
À frente do tempo,
Os Gnomos de gozares inumanos,
Transferem-nos
As (in) precisões de dosar à força
A falsa noção
De que não podemos equivaler
À Perfeição da Palavra...
Não fosse a lucidez do mormaço,
À imaginação caberia o logro:
Proeza e álibi do pranto
Que merece ser idealizado e (re) talhado
À luz da contextura
Orgâmica.
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Aí... Sofro e sofro,
Porque símile à verdade,
Nós, Poetas de membros engessados,
“Somos como obras inacabadas e complexas”...
Como desconexas
São as lágrimas e as dores imperfeitas.
Sutis artífices
Das esfinges caçoadas
Que jazem
Sob os transes vespertinos
Do olhar...
Cujo artilharia põe-se a nos arquivar
Da podridão dos soberbos idiotas,
À medida que o tal canivete enfiado ao chão
Grela vísceras e espermatozóides medianos
Que, apesar dos pesares,
Ama a silhueta e fode a poesia;
Assim como o húmus do orgasmo
Desvirgina a paixão!

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