terça-feira, setembro 05, 2006

Metamorfose das libélulas



Soletrar amor
Não significa afogar-me em baldes
De lágrimas multifacetadas.
Não significa rever-me no revés da flor
E nem significa atar-me ao viés
Das borboletas desbucetadas,
Tristes, inócuas sem sal!
Porquanto ao receberem afeto e carinho,
Hão de sê-las (um dia) todas poetadas,
Senão penetradas...

E suas lágrimas ser-nos-ão
Como as estrêlas no céu.
.........................

Soletrar amor
Não significa enxugar-me em bacias
De paixões decapitadas.
Não significa escâncarar-me ao frio e a dor
E nem significa glorificar-se pelas unhas dos pés,
E dos queixumes multidecepados,
Frouxos alienados sem açúcar!
Porquanto ao vomitarem afeto e carinho,
Hão de sê-las (um dia) todas poetadas,
Senão penetradas...

E suas lágrimas ser-nos-ão
Como as estrêlas no céu.
.........................

Soletrar amor
Significa armar-me de frases e palavras
E depois jogá-las ao vento;
Ao precipício da garganta.
Significa recolher-me ao vicio que encanta;
Que é como que mordesse o ato de amar
E admir o amor das libélulas
Que, ao fim do gozo,
Por respeito aos seus vassalos,
Decapitarão e devorarão seus possuidores,
Por respeito ao tronco de quem os gala...

E suas lágrimas ser-nos-ão
Como as estrelas no céu.


Foto: Armando Falcão
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