terça-feira, setembro 05, 2006

A mulher e a ilha



Ela é mar,
E suas ondas vão além
Do cheiro de churrasco de lágrima,
Que o próprio cio de fêmea espada
Despontou a talhá-la
Sob os moldes eróticos
De especioso comer.

Ela é ilha,
E suas terras vão além
Do beiço de comprido tentáculo,
Que o ferrão de fêmeo mandií
Despontou a penetrá-la
Sob os louros gozosos
De meloso beber.

Ela é mulher
- E daí?
Eu,
A sua ilha.
Nossos enigmas não se decifram
E nem podem moldar
O ferro e o fogo.

Eu e ela
- E daí?
Não somos somente
Mulher e ilha,
Ilha e mulher,
Senão o aço do gozo
A saliva no pescoço,
A vara e o cabide,
A cela e o cavalo
— O dorso!

Eu e a mulher
- E daí?
A ilha e eu,
Ou a mulher e a ilha
- Tanto faz!

Vale a pergunta:

Quem dos dois
deverá submeter-se à vontade da taça
tendo que estancar o gôzo da fuga?
Quem dos dois
deverá submeter-se à anorexia da bílis
tendo que retorcer
o elástico do bíceps?

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