domingo, junho 21, 2009

Zoom do Dejeto

In memoriam de Gilberto Guimarães - ex-presidente da Assembléia Paraense.
Um ano de saudade - 14/06/2008.

(Verso)

I
A
canção
sustenta o homo-fragmento;
ama o vácuo e o bloqueio.
Torna-se a tímida lapela
que sob o entorno do olhar
copula a profundeza...
Ai... tal a eiva que envolve o amor,
o negror corrompe a lógica
— e nem é quase-manhã,
ausência sentida!

II
O

vôo burila o não-definido
e a flor rejeita
o não-espírito.


III

Cândida artilharia, talvez,
que (ainda) ruge feito promiscuo fátuo
a dominar o trans-verso;
ou carne, talvez,
que para o lascivo cotovelo
seja a fêmea comida a descolar-se
da ventania...

IV
Ai... do revolto cabelo em pêndulo
surge o zoom do dejeto:
ânimo de cais a desdenhar do respiro,
cujo odor pune a colheita;
posterga a mesmice.

(Reverso)

I
Cai o soluço
e a inalterabilidade do poema
atropela a palavra...
O pigmento da face lamenta-se,
estanca a inocência.
Coage o odor
para que o poema seja o cálice preferido
e alimente o estômago.

II
Oh! sujeição!
— Por que o revolto cabelo do poeta
não resfria o cérebro do cata-vento?
— Por que a fome ignora a colheita
e por que inflama o boquejo
da revolta?

III
O
esterco purifica o espírito
e a ave poética alça a flor
ao nunca mais daqui.

IV
Sob a mira do poeta
jaza o barro da sempre-lâmina:
mandamentos da chegada;
ânsia que constrange a espera...
Ai... ângulo de solidão,
não mais,
que de mim desapareça.

© Benny Franklin


Fotografia (Momentos que vêm e vão)
gentilmente cedida por "Ana Mokarzel".


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Um comentário:

Anônimo disse...

Poema grande para um grande homem: Gilberto " saudade!

Benny: tu és um dos grandes da poesia paraense...

Parabéns.

a) Mauro