domingo, março 14, 2010

Lapela dos Paradoxos Impotentes



1 - Lá ao longe
na lapela dos paradoxos impotentes
o deserto esticado
e os arbustos natimortos dos umbrais favelados
de homens com macieza arrefecida
― Nas ventas dos tumores malignos
o pouso aéreo das borboletas de programa,
o trajeto das coisas redivivas,
o transe das pessoas dormindo
com o cobertor em pane...

2 – Lá no quaradouro dos astros cômodos
a renque de estalos de palavras
vomitando sob o dormitório da memória
― A prima face da relva
rende a súbita resposta dos óbolos metafísicos
esculpindo o rugido com hálito
e útero sem dobra.

3 – Há e há o cio geométrico
por traz dos olhares imbuídos de milagre
resguardando o suspirar da faca
― Na boca
os restos de alimentos reconvexos
hesitam em endeusar o avesso da vida
para saborear a partida à noite.

4 - Na hesitação das falas obscenas
a física do trajeto
e o vinhedo clandestinos dos mortos
fazendo sexo de mãos à cabeça
― Eu se: há no gozar sem cautela
a armadinha de reinventar
feita de mendicâncias.

5 – Ai! Rogo à vida
as súmulas dos pastos,
as fagulhas de umbigos cálidos,
os mantos de escolhas e vindas,
o sim dos homens insones
― Eu sei: há desperdícios de tardes ocas
gotejando
gotejando
as ondinas gramaticais dos poetas
em lágrimas.






Fotografia : Lua Nova Por Ana Mokarzel
Copia da Página protegida contra violação de Conteúdo Por site Copyscape
Licença Creative Commons 

7 comentários:

Lila Boni disse...

É taão bom estar aqui...nem imaginas como fico feliz!!!
Mil beijos !!!!

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

gotejando
as ondinas gramaticais dos poetas
em lágrimas.
nem sei dizer, mas ainda desperta
a vida...


oshf

Pedro Du Bois disse...

Texto cortante: ondinas gramaticais: lacrimosos poetas. O poética perdura em seu texto. Sem descanso. Não há textura que dure a hesitação das falas: objetivamente. Excelente. Abraços, Pedro.

grato pelo seu seguimento.

Maria Flor✿ܓ disse...

Belo - Belissimo!
Meus aplausos!
Seu blog é tudo de bom!
Vou continuar por aqui te lendo.

Beijos

Zélia Guardiano disse...

Show!
Simplesmente demais...
Adorei!
Abraço

Thiers Rimbaud disse...

Tua poesia é dura. Queima, dói, penetra e rasga, mas é bela. Deu uma beleza ardida. É fel em noite de lua, nem sei dizer. É amarga tvz como o chopp que todos bebem.
Partir em pedaços ajuda a q possamos engolir.

"...― Eu sei: há no gozar sem cautela
a armadinha de reinventar
feita de mendicâncias...."

FV disse...

Estou passando nos blogs e sites da antiga Campanha GLBT pedindo para, quem puder, incorporar o vídeo que eu participei na Manhã Gazeta com o tema "Saindo do Armário" e mostrar ele para seus leitores e amigos. Se puder ajudar, ótimo. Se não, tudo bem também. Não quero atrapalhar "suas pautas" ou o "tema do seu blog". Ta bom? Mais info aqui: http://fabricioviana.com/video-saindo-do-armario-blogs-sites-gls/