terça-feira, julho 06, 2010

Realimentação

Fotografia "Hot barbecue" by Sidclay Dias


Em memória de Roberto Piva

I

Poemas com cios coxos
pululam em rodagens recém empoeiradas
como facões enferrujados de circuncisão
no saco escrotal da noite.
Gritos bennyanos surrealistas,
cerrando velhas portas,
empurram o silêncio regurgitado
na cabeceira do agora pulsante,
no Artêmis de antes gozo.

II

É no cimo da revolta
que um verbo hipnótico ejacula
bílis de laudas rejeitadas,
traz clareza cáqui
para o arcabouço
da poeticidade multifacetada...
Urros movendo-se para a relva suicida
desnudam glandes beats
para o recozimento
dos cancros cegos.

III

Sob a peia do jirau
uma rosa fecal abençôa o cubano tragado
e uma insonhável poesia belemita se masturba amarelada
para vagar livre no vaivém das bocas;
para entornar em uma bacia atemporal
o torpor das línguas verborrágicas;
para confundir olhos-lodos,
os fingimentos dos punhais.

IV

Argh! Esta esperança morta
poderia ser o poema-mór
de um sonhador insosso
influenciado por jorros espermáticos
das orquídeas manufaturadas.
Tolo como véu de vulvas
e cínico e bruto como tempestade
hei de cunhar um tempo
em que a obra e o tesão poético de um fazedor
não dependa (jamais!)
da virilidade intelectual
do sorriso.

V

Será o tumor
um poeta de estômago inteiriço?
Ou será o poeta
um tumor de gramática suburbana
repleto de turbilhão de luzes
que copula o sol com socos de boxeador
e goza indolor com sorrisos
fulgurantes e orvalhados?

VI

Volto os meus ouvidos
para os inaudíveis gritos do olhar
que varam a multifaçatez da janela.
No antro além dos calabouços
um homem escreve poemas
e teima em não analisar o feedback da vida.
E agora, depois de incrédulo,
se surpreende (com lagrimas para derramar)
com a profissão da insensatez,
com o encharque da incoerência
rompendo soluços
nas cerrações do tempo morto.

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11 comentários:

Anônimo disse...

Grande poeta espermodiano!

Não possuo a virtude do entendimento de tão singular e restrita linguagem poética mas, tenho a certeza que, dentre as entrelinhas umedecidas deste sémen poético, partejas mais uma belíssima obra.

Do amigo

Joaquim Amaral

Lila Boni disse...

Gosto muito de te ler !!! Mil beijos !!!!

Sidclay Dias disse...

As "glandes beats" foram a melhor coisa que já li em tempos. Imagino o pênis roto do Ginsberg e do Kerouac.

(eca).

Muito boa sua homenagem.

Julio Rodrigues disse...

"Mais um poema com a marca indelevel de Benny. Os versos ejaculam semen de estesia. Valeu Benny."

Julio Rodrigues

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

O poeta goza sorrisos e morde coração alheio e conviver com a palavra do poeta é devastar a carne
que sobra depois de tanto querer o sublime, o sempre contestável amor...

Betha Mendes disse...

É sentir mesmo. Apenas sentir os sopros bennyanos neste poema!

bj

Betha

Anônimo disse...

seu blog é muito bom amigo e seus trabalhos são ótimos.

bom final de semana.

Harley Dolzane disse...

"hei de cunhar um tempo
em que a obra e o tesão poético de um fazedor
não dependa (jamais!)
da virilidade intelectual
do sorriso."

a virilidade intelectual do sorriso é tão falsa e sem alma quanto uma ereção a base de viagra!
A "pauduressência" do poeta não precisa dessas coisas!

Bravo, Benny!

Rodrigo Rocha disse...

Benny passei para conhecer seu blog ele é not°10, espetacular com excelente conteúdo você fez um ótimo trabalho desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom

Sidnei Olivio disse...

Versos, como sempre, embriagantes. Grande Benny! Abraços, poeta.

Juliano Melo disse...

Belíssimo texto!